Dias vêm... Dias vão... Os anos passam! E não se sabe porque, ela se sente a cada dia melhor. Mais bonita, mais viva, mais leve, mais mulher. E como se não bastasse toda essa sua segurança, ela ainda escuta os seguintes comentários:
“É! Os anos têm te ajudado!”
“Você só pode dormir no formal!”
“Como pode?! Você está cada dia melhor!”
“21... 23... 25 no máximo!”
Ela ri e pensa: é... tem valido a pena tanto investimento! Tem valido a pena acordar mais cedo, tirar um tempo a mais para os preparativos pré e pós-banho! Tem valido a pena se cuidar!
Mas uma coisa a encuca. Por mais que ela esteja se sentindo ainda bastante jovem e ainda mais jovial, não dá para diminuírem dez anos em sua idade. Não dá! E tudo o que ela já viveu, e tudo o que ela já absorveu dessa vida?
Ainda há uma longa estrada pela frente, mas com certeza ela não é mais uma garotinha.
E pensativa ela sai por aí, tentando descobrir os porquês.
E de repente ela cruza, aí sim!, com um bando de garotas (os uniformes escolares as condenavam) todas parecendo novas-meninas-velhas, com suas faces maquiadas, com suas bijuterias exageradas, seus penteados extravagantes... Meninas querendo mostrar aquilo que elas ainda querem ser um dia. E que não serão...
Pobres meninas! Elas não sabem que estão perdendo o seu momento.
Elas não sabem que aos doze, dezoito, vinte estão piores do que as felizes velhas-meninas-novas com seus trinta, trinta e cinco, quarenta e um...
E ela continua seu caminho. Mais aliviada porque outra busca chegou ao fim.
Agora ela sabe: é tudo uma questão de comparação.
Ela não está tão novinha assim. Ela não está tão conservada assim! As comparações é que estão confusas...
Ela está, sim, mais certa, e sente a cada dia melhor.
Mais bonita, mais viva, mais leve, mais mulher.