Azul... vermelho... amarelo... verde...
Azul... vermelho... amarelo... verde...
De novo...
E de novo...
O ritmo das luzinhas no teto do salão do Caiçaras não mudava... Apesar da banda mesclar a apresentação entre o Samba e o Forró...
Sexta-feira, os Três Mosqueteiros (que na verdade são quatro, assim como nós!) estavam sentados numa mesa daquele imenso salão vazio.
A sensação era a mesma de estarmos num daqueles “inferninhos” de beira de estrada.
Só conseguíamos trocar risos.
A semana tinha sido “trash”, eu particularmente acabava de passar por mais uma crise existencial. Ainda bem que a Tiça se deixou ser alugada pela minha falação. No meu caso, quando eu consigo externar uma crise, 70% dela já ficam resolvidos ali.
Não queríamos tocar no assunto, mas era inevitável: cancelaram o show do Teatro Mágico... Mesmo assim, guerreiros como somos, não poderíamos desperdiçar uma sexta-feira. Ainda mais depois da chuva ter dado uma trégua. A noite estava maravilhosa!
Mas não teve jeito, tivemos que dar o braço a torcer, o “Sambaião” estava uma bosta!
Eu e Tiça fomos as primeiras a abandonar o barco... Estava difícil nadar contra a corrente, até mesmo só para exercitar!
Iaiá e Gambá Rei se mantiveram no recinto! Eles, pelo menos, arriscaram mostrar seus dotes na pista!
De volta a casa, a pé, passamos por pontos de ônibus lotados. Lotados de muitos jovenzinhos (rs!). Lembramos: não teve TM, mas está tendo a Calourada da Federal. Uma amiga cruza com a gente no sinal e diz: vamos pro Muamba! “Não tem tu, vai tu mesmo!”
Ah, não, Anninha! Já deu o que tinha que dar...
Mais a frente cruzamos com a prima da Iaiá: ué! Não era pra vocês estarem lá?! Cadê a Iaiá?!
Fato relatado, continuamos o caminho.
Chegamos na minha casa, Tiça subiu, conversamos sobre o desprazer de encarar um volante (essa história, esse trauma fica pra outro post!), Marco chegou, Tiça foi embora...
Liguei a TV, arrumei minha cama. Enquanto eu me preparava para deitar, coloquei uma empada de bacalhau para esquentar no microondas. Não querendo puxar saco de ninguém, a empada estava maravilhosa. Uma bela combinação para o cansaço e a cerveja que eu tinha tomado, eu não ficaria de ressaca. A noite já tinha sido ruim, eu não precisava acordar mal.
Deitei. Programei a TV para desligar 30 minutos depois.
O corpo já começava a relaxar.
O telefone toca. Era Iaiá: To subindo pra Federal! Sambarzinho na Cantina do Direito!
Ah, Iaiá, já to deitada, vou não.
...
O que? Nessa “fome” que eu tô? Crutton e Caldo Grosso? Vou sim! (Delírios! Não é para entender!
Pego o telefone e ligo pra Iaiá: tô descendo!
E subimos pra Federal. O trânsito estava louco à uma da manhã. Vaga?! Parecia difícil, os carros estavam estacionados logo após o portão de entrada do Campus. Mas, macacas velhas, do tempo que ainda íamos pras festas na Federal de ônibus ou carona, lembramos que sempre tem alguém, que chegou cedo e parou lá na frente, no miolo, e que por ter chegado tão cedo pra pegar aquela vaga já estava cansado e já teria ido embora, deixando pra gente aquela vaga lindinha, bem no esquema!
Não deu outra.
Chegamos!
O “inferninho” da sexta-feira virou um “infernão”! A Praça Cívica lotada, mas por lá não arriscamos circular. Nosso destino: a Cantina do Direito. Quase dez anos depois, estávamos de volta ao reduto.
E cheia! Muito cheia!
No som rolava: Ado! A-ado! Cada um no seu quadrado! (Meu Deus! O que é isso?! Agora a gente não pode nem circular?! Temos que dançar só num mísero espaço reservado?!) Creu! Velocidade cinco! (Socoooooorro!)
- Ana! Tá no inferno, abraça o capeta!, Gargalhava Iaiá.
E eu me joguei!
Zanzamos no meio da galera, dançamos funk, rebolamos, sacudimos o esqueleto. Quem diria! A sexta-feira não tinha acabado.
Duas da manha e o samba, que era bom, não começava.
No alto da escadinha do Direito, porque a gente precisava expor a figura (mesmo que um pouco passada pro ambiente em questão!), não é que de repente, das cinzas, surge ele: Gambá Rei!
- Gambaaaaaaaá! Ô Gambá!
- Como assim???
Risos! Muitos risos! Muitos mesmos! Desses que quem está perto e não faz idéia do que está acontecendo ri também!
E manda mensagem pro celular do quarto elemento... (Tiça! O Marco ainda mata a gente!).
Aí não teve jeito, entramos no túnel do tempo e nos acabamos. A tensão de nos sentirmos velhos no meio dos universitários foi embora. O estranhamento de estarmos de novo numa noite de funk e axé foi embora. A estranha sexta-feira que parecia ter sido um caos foi embora.
O samba começou, sem “sopa”, e a gente foi junto! Figuras conhecidas passavam e cumprimentavam e a gente foi junto! Estranhos sorrisos apareciam e a gente foi junto! O samba virou pagode e a gente foi junto! E o mundo estava vivo, a vida celebrava, e a gente foi junto!
Porque: A semana inteira! Fiquei esperando! Pra te ver sorrindo! Pra te ver cantando!